As várias versões de mim dentro de eu mesma

É tempo de se aceitar, vamos nos soltar!!!

Oi, acho que vou ser mais eu aqui do que fui em “Os garotos da escola nunca olham para mim”, talvez vocês gostem ou talvez odeiem esse texto mas tá tudo bem com isso.

Acabei de assistir o filme da Anitta produzido pela Netflix e eu juro que nunca senti essa sensação que estou sentindo agora, eu recomendo que vocês assistam mesmo que não gostem dela talvez sintam-se tão tocados quanto eu estou agora. Um leve spoiler é que Anitta não é apenas Anitta, Anitta é uma pessoa e Larissa é outra no entanto habitam o mesmo corpo. Que loucura, né?

Fiquei pensativa e lembrei que em uma das milhares de audiências pela minha pensão, meu pai disse para minha mãe que eu só podia ser duas pessoas diferentes já que lá na casa dele eu sorria e conversava mas quando chegava na minha casa eu pedia para minha mãe nunca mais deixar eu ir para lá. Pai, talvez o senhor esteja certíssimo ao menos nisso, talvez eu realmente seja duas pessoas e bom, as duas odeiam ir para sua casa no entanto uma delas é muito educada e não consegue constranger você, já a outra sabe bem quem o senhor é e infelizmente não consegue fingir apreço.

Mas voltando para vocês, meus leitores, talvez seja a hora de admitir que eu não quero mais viver alternando personalidades a cada ambiente que eu passo, quero que não só vocês mas todos conheçam quem eu sou de verdade, e eu sou uma junção muito louca de tudo que vocês possam imaginar.

Eu gosto de falar alto, gosto de dançar, gosto de gargalhar, choro por tudo, eu amo abraços, gosto de fazer as pessoas rirem, eu gosto muito de ser quem eu sou e no final do dia saber que pelo menos uma pessoa foi feliz pelo menos no tempo que estava comigo é o que me faz continuar aqui.

Mas, eu também gosto de silêncio, gosto de ficar quieta quando eu acordo, não me abro com facilidade, tenho insegurança com meu sorriso, meu peso, meu cabelo, não tive amor paterno e me culpo, não acho que sou capaz de ser amada, eu sou sensível e durona, eu amo e odeio na mesma proporção, eu sou minha maior fã e minha maior hater, eu me saboto todo dia, será que isso é normal?

Bom, eu também sou a junção desses dois parágrafos com leves adaptações, para as pessoas na escola eu sou durona, não gosto de abraço, não tô nem aí para o que falam de mim e se vier de muita gracinha vai ouvir o que não quer. Mas quem eu quero enganar afinal? Eu sou só uma menina que criou uma personalidade para não deixar que vejam minhas cicatrizes, minha raiz, meus medos e inseguranças.

Queria sair agora na rua e gritar para todo mundo que eu quero que deletem da memória a pessoa que eles conheceram antes, eu também sou amor, eu também sofro, por favor olhem para mim como uma só pessoa.

Não aguento mais não ser tratada como alguém com sentimentos, eu sinto tudo e sinto muito, mas a maioria das pessoas não enxergam isso, não as culpo pois quem construiu esse muro fui eu mesma, então estou agora tirando todos os tijolos e chamando quem quer que esteja atrás deles para entrar. Mas também não é tão fácil assim…

Em 2024 fui parar no hospital mais de 10 vezes, todo mês eu ficava com uma gripe muito pesada, fui ao pneumologista e não era nada, fiz raio x do pulmão e nada, fui ao cardiologista e nada, até que levei a situação para a minha terapeuta e ela me perguntou “mas aconteceu algo na escola ou na vida que tenha te marcado ao longo do ano?”, e aí eu vi que cada mês uma desgraça acontecia na minha vida. Em março, minhas amigas me deixaram para lá, em abril me vi completamente sozinha enquanto todos tinham ao menos uma amiga na sala, em maio minhas notas (antes eram 10) viraram 5, em junho fiz 17 anos e o resto do ano foi só ladeira a abaixo. E todos os meses desde março, eu tive sintomas de gripe mas na verdade, era uma doença psicossomática, basicamente a tristeza adoece o pulmão e daí começa tudo.

Em dezembro decidi pôr um fim nisso, atrelado às férias, fiz detox digital, cuidei de mim, peguei sol, fui à academia, esqueci que um dia alguém encontrou pessoas mais legais e decidiu me deixar, e posso confessar a vocês? Passei os 2 melhores meses da minha vida toda, me reconectei com o que eu tenho de melhor, minha psicóloga me deu alta, minha família ficou comigo todos os dias possíveis e de repente eu vi que sou amada, respeitada e valorizada.

Hoje estamos em março, não fui ao hospital nenhuma vez desde o começo de dezembro.

No final do documentário a Anitta diz “Eu decidi ser muito feliz, porra! Eu vou ser feliz, mesmo que qualquer merda aconteça. Você não pode decidir ser feliz também? E por que você não está sendo feliz até agora?” e eu decidi responder ela de volta e a resposta é eu sou feliz, sou feliz com qualquer merda que acontece na minha vida e eu também DECIDI ser feliz por conta própria e isso ninguém tira de mim, ninguém tira de nós.

Eu quero ser eu porra, eu quero xingar, eu quero beber, eu quero viver a vida mas eu também eu leio a bíblia todo dia, eu também sei usar meu vocabulário rebuscado, sei falar inglês e também sou mega cinéfila, aliás eu tenho um blog e meu deus, nem consigo respirar de tantas coisas mais que eu quero e sou.

Talvez eu também seja hipócrita, também quero comunicação e me calo, quero silêncio e grito, mas gente convenhamos né vamos nos permitir viver sem esses rótulos aí, tá ultrapassado, overpasted, oversized sei lá, tá over demais.

Espero que vocês se sintam confortáveis para serem vocês assim como eu me sinto hoje, não vou pedir para me seguir dessa vez e nem implorar pelo seu like mas ainda assim espero que tenham gostado de me conhecer além do padrão.

Assim como Anitta/ Larissa, deixo uma pergunta para você, por que você não tá sendo feliz agora?

Só mais um segredinho, anotar mais sobre mim, me fez relembrar quem eu sou e vou falar, tudo que aconteceu até hoje foi para melhorar a minha pessoa. Não tô dizendo que eu merecia ser abandonada ou coisas piores que me ocorreram, mas se hoje estou aqui dizendo a vocês que eu sou feliz também tem influência do que eu superei.

E não é que a vida presta?

Beijo beijo beijo,

Do meu algoritmo íntimo para vocês.

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